Mirandelaé uma cidade portuguesa situada nas margens do rio Tua, pertencente ao Distrito de Bragança, Região Norte e sub-região do Alto Trás-os-Montes, com cerca de 11 100 habitantes.
É sede de um município com 658,97 km² de área e 25 458 habitantes (2008), subdividido em 37 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Vinhais, a leste por Macedo de Cavaleiros, a sul por Vila Flor e por Carrazeda de Ansiãese a oeste por Murça e Valpaços.
Foi elevada a cidade a 28 de Junhode 1984.
Caladunum era nome da actual cidade de Mirandela.
Na cidade de Mirandela estão dos melhores valores arquitectónicos do concelho, como o Palácio dos Távoras, imponente construção nobre reedificada no século XVII, o Palácio dos Condes de Vinhais, a cerca amuralhada da qual resta apenas a Porta de Sto. António, a ponte velha, que continua a constituir uma incógnita quanto à data de construção e que constituem valores patrimoniais e a cultura de um povo.
Em Mirandela nasceu também, com exemplo dado, o conceito de cidade jardim. O culto da flor invadiu todos os espaços. Milhares de belas flores estendem-se por uma cidade inteira que vale a pena visitar.
Por todo o concelho há vestígios de povoamento pré-histórico, bem documentado por monumentos megalíticos e diversos castros. Os povos da idade do bronze desenvolveram uma intensa actividade mineira explorando o estanho, o cobre, o arsénio e ouro como é o caso do “buraco da pala”, situado na freguesia de Passos, que foi identificado um caso de metalurgia primitiva de ouro entre 2800-2500 A.C. Os romanos, não podendo ficar insensíveis ao minério, também aqui se estabeleceram deixando as marcas da sua civilização.
Logo no século VI, o paroquial Suevo dá-nos conta da existência de “Laetera”, enigmática e vasta circunscrição administrativa que corresponde à mesma área onde nasceu o concelho de Mirandela. A importante e medieval “terra de Ledra”estender-se-ia pela quase totalidade do actual concelho e por parte do de Vinhais, compreendendo ainda um reduzida porção do concelho de Mirandela. No dealbar do século XIII, já esta terra se encontrava dividida em três julgados: Lamas de Orelhão, Mirandela e Torre de D. Chama. Todas estas povoações receberam foral e se constituíram em concelhos. Mirandela recebeu assim de D. Afonso III carta foral a 25 de Maio de 1250. De 1835 a 1871, as reformas liberais extinguiram-nos, restando-lhes a memória desses tempos de autonomia.
Em 1884, o concelho de Mirandela passa a ter delimitações geográficas conforme as actuais
A Linha do Tua é uma linha de caminho-de-ferro do Nordeste Trasmontano, no Norte de Portugal. É uma via de bitola métrica, mais vulgarmente denominada por Via Estreita (VE), que parte da estação da aldeia da Foz do Tua na zona do Douro Vinhateiro (Património da Humanidade), e que, na sua máxima extensão, percorria 134Km de distância até ao seu términos em Bragança. Actualmente, apenas 58Km da via permanecem explorados, entre o Tua e Mirandela, e entre esta e Carvalhais, estando 54Km dessa totalidade (Tua - Mirandela) em perigo de encerramento.
No seu percurso, o comboio atravessa uma magnífica paisagem de vales profundos e grandes rochedos que a linha atravessa em pontes, paredões e túneis. Está entre as linhas de mais difícil construção em Portugal, sendo ao mesmo tempo das mais belas e selvagens de todas. Na sua estação de partida marca presença o comboio a vapor do Douro, que tem tido enorme aceitação, e que permite aos passageiros uma visita à não menos deslumbrante Linha do Tua.
Porém, antes que se torne uma inevitabilidade o seu encerramento, é propósito deste espaço dar a conhecer esta linha ímpar, e mostrar as suas potencialidades e importância para a região onde se insere, para que mais pessoas a possam conhecer e desfrutar dos seus encantos, bem como permitir que continue a servir as populações locais, cujo isolamento será dramático com o fecho da linha.
A década de 1880 em Portugal, no panorama ferroviário, foi marcada por grandes avanços, tanto a nível nacional como a nível internacional. Nesta década, linhas como a da Beira Alta, Oeste e Ramal de Cáceres foram concluídas, e Portugal inaugurou três ligações internacionais, a partir das estações fronteiriças de Valença (Minho), Barca d'Alva (Douro) e Marvão-Beirã (Cáceres). A 1 de Setembro de 1883 o comboio chegava à Foz do Tua, no que seria a continuação da Linha do Douro até à fronteira com a Espanha na Foz do Águeda, em Barca d'Alva. Esta ligação internacional estaria concluída no mesmo ano em que se inauguraria a Linha do Tua até Mirandela.
Porém, uma vez que estes projectos necessitam de meses de negociações e estudos de engenharia e custos, os primeiros passos para a construção da Linha do Tua foram dados ainda o comboio não havia chegado ao Peso da Régua, centro nevrálgico do Alto Douro. A intenção inicial do projecto ferroviário previa já a ligação de Bragança à Linha do Douro, o qual seria conseguido após a conclusão da primeira fase do Tua até Mirandela. Foi em 1878 que foram apresentados não um, mas dois projectos distintos para a construção da via-férrea da estação duriense à cidade da Terra Quente Trasmontana. Um deles, foi elaborado pelo engenheiro João Dias e pelo condutor Bernabé Roxo, sob a direcção do engenheiro Sousa Brandão, pela margem direita do Rio Tua. O outro, realizado pelo engenheiro António Pinheiro, seguia pela margem esquerda do Rio Tua; seria este o projecto que vingaria.
A 22 de Junho de 1882, foi apresentado à Câmara dos Pares, órgão de soberania da Monarquia Constitucional Portuguesa, pela Câmara Municipal de Mirandela, a aprovação do projecto de lei para a subvenção de 135 contos de réis para cobrir a garantia de juro de 5% para a empresa que construísse a Linha do Tua até Mirandela. Após este passo da Câmara Mirandelense, várias personalidades do Porto, de entre as quais se destaca a figura de Clemente Meneres, juntaram-se para dar força à petição para a Câmara dos Pares. Clemente Meneres ficará para sempre ligado à história da Linha do Tua, ao ter contribuído de forma decisiva para a aprovação da sua construção, e na segunda fase da linha, com a passagem desta pelas quintas do Romeu, onde estabeleceu uma sólida Companhia agrícola, que seria sustentada pela presença da via-férrea para escoar os seus produtos.
Não obstante este pedido, a Câmara de Mirandela decidiu recorrer ao Rei D. Luís I para a aprovação da construção da via-férrea a 11 de Janeiro de 1883, servindo-se ainda de um pedido de apoio à Associação Comercial do Porto para exercer pressão a favor da aprovação deste projecto. Esta associação detinha grande poder de influência na altura, e nesse tempo, havia a possibilidade da Linha da Beira Alta desviar o principal pólo de distribuição de bens do Porto para os Portos a Sul. Nas palavras da época, isto significaria que as ervas cresceriam nas ruas do comércio portuenses. Este foi o mote para a construção da Linha do Douro até além fronteira; e, sem a Linha do Douro, a do Tua não faria sentido.
Fruto destas condições favoráveis, é lançado em 26 de Abril de 1883 em Carta de Lei o concurso para a construção da via-férrea do Vale do Tua, quando era ainda Fontes Pereira de Melo, uma das figuras máximas de Estado da História de Portugal, um dos responsáveis pelas obras públicas no país. O vencedor do concurso foi o mesmo grupo responsável pela adjudicação da Linha do Dão (Santa Comba Dão a Viseu), adjudicando o Governo a construção da via ao Conde da Foz. Porém, em Dezembro desse ano, o contrato seria trespassado à Companhia Nacional de Caminhos de Ferro (CN), extinta em meados do século XX, que teria na figura do engenheiro açoriano Dinis da Mota o dirigente das obras.
Surge 1884, e com ele a passagem dos papéis ao terreno. Em 26 de Maio a adjudicação das obras à CN é confirmada por decreto governamental, a 30 de Junho dá-se a assinatura do contrato definitivo, e em 16 de Outubro arranca finalmente a obra, em Mirandela. Começara uma verdadeira epopeia de três anos de construção de uma das mais notáveis obras de engenharia civil portuguesa, com peripécias e esforços inolvidáveis, que numa única viagem se podem palidamente imaginar. Devido à enorme dureza das obras e das gentes, o primeiro engenheiro no terreno vê-se forçado a desistir. As dificuldades técnicas e disciplinares foram um entrave que estava a perigar a continuação da obra. Foi então que, depois de grandes provas de competência, é chamado o engenheiro Dinis da Mota, que com uma vontade inabalável conseguiu levar a construção a bom termo.
Foram excepcionalmente difíceis os quilómetros iniciais, desde o Tua até Brunheda. Além do grande desnível a vencer, o vale do Rio Tua no seu percurso final é profundo e encaixado, serpenteando por gargantas e escarpas implacáveis de rocha pura. Do Tua a Santa Luzia, numa extensão de 14Km, foram construídas três pontes e quatro túneis, o que só por si dá uma ideia da tarefa que foi permitir que os comboios chegassem a Mirandela. No lugar das Fragas Más, ermo e composto por blocos maciços de granito em ambas as margens, foi preciso uma sucessão túnel - ponte - túnel, a pouca distância uns dos outros. Os trabalhadores lutavam diariamente com cargas de dinamite e escarpas traiçoeiras, muitas vezes com a população mais próxima a quilómetros, por carreiros íngremes, ou mesmo sem acessos nenhuns. O esforço e disciplina necessários para o avanço das obras sugere que este foi um trabalho ímpar de construção e dedicação.
Foram longos e penosos os meses de trabalhos, mas finalmente terminaram. A 27 de Setembro de 1887 a linha estava concluída e era oficialmente aberta à exploração. A verdadeira pompa da inauguração ficaria para o dia 29 de Setembro, altura em que o Rei D. Luís I e o Príncipe Herdeiro D. Carlos inauguravam a linha em Mirandela. De entre a comitiva régia, destaca-se ainda a presença do grande artista português Rafael Bordalo Pinheiro, criador da figura incontornável do "Zé Povinho". A locomotiva da inauguração, a Trás-os-Montes (da construtora alemã Emil Kessler em Esslingen, com o número E81), foi pilotada pelo próprio Dinis da Mota, locomotiva essa que ficou guardada depois de ser retirada de circulação nas cocheiras da estação de Bragança. A partida do Tua foi assistida por uma grande massa, de entre a qual representantes das Câmaras de Alijó, Carrazeda de Ansiães e São João da Pesqueira. A chegada dos comboios a Mirandela foi efusivamente recebida, e os convidados de honra, de entre os quais o Governador Civil de Bragança, o Bispo de Bragança-Miranda, o Presidente da Câmara Municipal de Mirandela, e representantes das Câmaras de Macedo de Cavaleiros, Valpaços, Bragança, Vila Flor e Alfândega da Fé. Foram todos acolhidos com um banquete nas instalações do cais de mercadorias da estação, decorado para o efeito por Manini e Marques da Silva. A corte Real foi hóspede dos Condes de Vinhais, antes do regresso à capital do Reino.
Estava lançado no Nordeste Trasmontano o mais forte veículo de desenvolvimento que o mundo até então vira. Antes dos comboios poderem apitar em Bragança, teriam de ser passados ainda 19 longos anos, de avanços, recuos, e mais uma excepcional obra de engenharia que levaria o caminho-de-ferro à sua cota máxima em Portugal, e alguns dos principais responsáveis da obra a um trágico fim.
Actualmente edifício da Câmara Municipal de Mirandela, o Paço dos Távoras é um palácio seiscentista com uma longa história ligada a alguns acontecimentos significativos da História de Portugal. A fachada principal tem portas, janelas, cunhais, remates e cornijas elaborados em cantaria. Encontra-se dividido em três corpos, um central com três registos, e dois laterais de dois registos. Os três corpos mostram no primeiro registo três portas de acesso encimadas por frontões semicirculares, excepto o do meio que é de verga recta. No segundo registo, cada corpo lateral possui três janelas, sendo as laterais de cada corpo possuidoras de frontão semicircular e as do meio frontão contracurvado. No corpo central é a janela central que tem frontão semicircular sendo contracurvado o das janelas laterais. Ao nível do terceiro registo, os dois corpos laterais apresentam um remate em granito de grande rosetão ao centro e volutas nas pontas. No canto do edifício existem urnas de pedra de formato helicoidal. O corpo central tem ainda um terceiro registo onde se repete o mesmo esquema das janelas e do remate dos corpos laterais, com a excepção de que em lugar do rosetão está o brasão dos condes de S. Vicente, colocado em 1863, como aliás diz a cartela existente por baixo do dito brasão. Este brasão substituiu o dos Távoras, picado por força do decreto pombalino de 12 de Janeiro de 1759. As restantes fachadas apresentam-se despidas de quaisquer elementos. No interior existe uma ampla sala de recepção com três arcos abatidos de acesso ao segundo registo. O arco do meio está cego e nele foi colocado um painel de azulejos datado de 1956 e que mostra o brasão da cidade. O segundo registo tem as salas da presidência, de reuniões e dos vereadores com coberturas interiores em madeira apainelada. Aqui também tem um link com informação mais detalhada http://www.cm-mirandela.pt/index.php?oid=3375
Esta era a loja da minha mãe. Uma loja de roupas para crianças, que ficava situada na rua Alexandre Herculano em Mirandela. Tinha ao lado um sapateiro o Sr. Zé, para onde eu ia as vezes depois da escola, ouvir as suas histórias, ou ver a sua criação de canários que tinha bastantes, é a porta que fica perto da esquina. Mais a cima tinha o barbeiro o Sr. Reinaldo onde eu ia cortar o cabelo e gostava de ver a montra dele porque tinha brinquedos, calendários e na altura do Carnaval tinha mascaras, serpentinas, bombinhas de mau cheiro e bombas de Carnaval. Em frente ficava a Associação de Socorros Mútuos dos Artistas Mirandelenses. Mais em cima ficava a farmácia penso que se chamava "Sarmento" pois não me lembro bem porque sempre a conheci como a farmácia da Dona Alzira, tinha a padaria Joaninha onde ia comprar o pão e deliciosos bolos, ao fundo tinha um jardim, que conhecia como o jardim da praça onde ia andar de baloiço, nos cavalinhos, de bicicleta ou outras brincadeiras com outras crianças. Por trás da loja existia um pátio que entrava pela loja da Dona Ivone a "Electro Bessa", onde ia brincar com os filhos dessa senhora e tinha lá os escuteiros e a farmácia também tinha uma porta que dava para lá.
No dia 20 de Julho de 1794, o juiz de fora, António Pinto Ribeiro de Castroordenou a realização de uma festa em louvor de Nª Srª do Amparo que constou de missa solene, com a exposição do S.S. Sacramento, sermão e procissão. Na véspera houve fogo de artifício mandado vir expressamente do Porto.
No primeiro Domingo de Agosto de 1861, realizou-se uma festa que atraiu inúmeros fiéis e devotos, a quem foram distribuídas estampas de Nª Srª do Amparo que a comissão mandou imprimir.
No Santuário de Nossa Senhora do Amparo existe o arquivo da Confraria e das Festas desde 1941 e vários cartazes sobre as Festas. Todos eles traduzem o carácter popular das Festas em honra da padroeira da cidade de Mirandela, Nossa Senhora do Amparo. É uma Santa da devoção de imensa gente a quem se pede frequentemente ajuda e por quem os Mirandelenses têm uma profunda devoção.
As Festas de Nª Srª do Amparo são organizadas pela sociedade civil que formalmente se constitui em Confraria de Nossa Senhora do Amparo à qual podem pertencer os respectivos confrades, tendo Estatutos próprios aprovados pelo Bispo de Bragança. No entanto, as funções da Confraria não se limitam à realização das Festas de Nossa Senhora do Amparo mas também à organização de outros eventos e formas de angariação de receitas, onde se têm incluído as Verbenas dos Santos Populares em Junho (Santo António, São João e São Pedro), assim como à gestão e manutenção do Santuário em colaboração com o respectivo Reitor.
As Festas iniciam-se sempre no dia 25 de Julho com a Feira de São Tiago e terminam sempre no primeiro Domingo de Agosto.
Um dos momentos altos da festa é a Noite dos Bombos, em que pessoas vestidas de batas brancas vão pela cidade tocando bombos e vão pessoas atrás deles com apitos a correr,durante toda a noite até ao nascer do dia, lembro-me quando era pequeno eles paravam em frente da minha casa, que ficava perto dos bombeiros voluntários os vidros das janelas e toda a casa estremecia, eu ia a varanda ver eles a tocar, depois quando cresci lá ia eu e mais amigos atrás dos bombos. Acho que isto é uma tradição de antigamente onde as pessoas a noite iam aos zé pereiras ou grupos de cabeçudos que vieram actuar nas festas da cidade e de madrugada lhes roubavam os bombos e andavam a tocar com eles durante toda a noite.
Estas são as famosas alheiras de Mirandela, há quem as cozinhe de variadas maneiras, mas como eu gosto mais é assadas se for possível na fogueira com batatas cozidas e grelos ou couves, e se isso for cozinhado em pote de ferro ainda melhor. Ai que já estou a salivar que fomeca já marchava uma bela alheira :D
A alheira é um enchido típico da culinária portuguesa cujos principais ingredientes podem ser carne e gordura de porco, carne de aves, pão, azeite, banha, alho e colorau.
Segundo a tradição, este enchido terá sido criado por cristãos que, em segredo, continuavam a guardar costumes da sua renegada religião judaica, a fim de dar a entender a toda a sociedade que eram cristãos assumidos e bem integrados. Como o judaísmo proíbe o consumo da carne de porco, alguns dos supostamente recém convertidos teriam inventado um chouriço onde discretamente a carne de ave substituía a carne de porco, tradicional entre os cristãos. Desta forma, nas primeiras alheirasforam usadas várias carnes alternativas ao porco, tais como vitela, coelho, peru e galinha.
A suposta ligação da alheira com os novos cristãos talvez não passe de uma ideia romântica popular, e não há factos concludentes que a suportem. Parece mais certo que o seu aparecimento esteja ligado ao próprio ciclo de produção de fumeiros caseiros, ou simplesmente à necessidade de conservação das carnes dos diversos animais criados e para consumo próprio.
Na região de origem a norte de Portugal (Trás-os-Montes) a alheira é consumida grelhada, ou assada em lume brando, acompanhada por batata cozida com um fio de azeite, e legumes da época variados. Mais a sul o mais natural é encontrar os menus com a alheira frita, batatas fritas, ovo estrelado e saladas de alface e tomate. Por vezes, é também acompanhada por grelos de couve. É uma presença habitual nas ementas dos restaurantes de todo o país.
A mais famosa das alheiras é a oriunda de Mirandela, na região de Trás-os-Montes, frequentemente considerada a de melhor qualidade.
Receita de como se fazem as alheiras:
Para quatro dúzias de alheiras são necessários três quilos e meio de pão trigo, três quilos de toucinho, uma galinha, um coelho, carne de vitela, carne da cabeça do porco (para dar sabor à calda), bastantes alhos e azeite, colorau, sal e uma meada de tripas. Numa panela suficientemente grande, fervem-se as carnes e rectificam-se os temperos; depois de cozidas cortam-se as carnes de porco muito miudinhas e as restantes são desfeitas. Para um tacho ou alguidar miga-se o pão, sobre o qual se despeja a calda que sobrou na panela e deixa-se o pão “a abrir”. Tudo isto deve ser feito junto à lareira para não arrefecer. A seguir misturam-se os alhos bem moídos, salsa picada, colorau a gosto e o piri-piri; amassa-se bem com uma colher de pau até o pão estar bem batido, tipo açorda cremosa. Depois são misturadas as carnes já desfeitas e ensacam-se em tripa seca de vitela ou de porco.
Sempre a conheci e para mim sempre será a ponte velha de Mirandela.
A ponte velha de Mirandela foi durante centenas de anos a única via de atravessamento do rio Tua para os mirandelenses. O longo tabuleiro horizontal assentava originalmente em vinte arcos desiguais, numa extensão de 230 m. Actualmente restam apenas dezoito arcos, reforçados com talha-mares triangulares em ambos os lados da ponte. O aparelho é de silhares de granito. O tabuleiro era inicialmente lajeado, encontrando-se hoje alcatroado. As guardas originais em cantaria foram substituídas por guardas de ferro nos finais do século XIX. Actualmente encontra-se reservada apenas ao trânsito pedonal e constitui um dos ex-libris da cidade.